Sexta-feira, 25 de Setembro de 2009
Pelas portadas entreabertas, o sol brincou as escondidas. Um raio de sol suave e traquina, brincou em meu rosto, obrigando-me a despertar. Não quero Quero acordar... Quero ficar mais tempo no aconchego dos meus lençóis, quietinha... como se não houvesse mais nada além do abraço quente da sonolência.
Pensei por minutos que deveria ser tarde e que devia já estar pronta...que daqui a pouco iriam tocar a porta com o almoço (agora trazem-me o almoço a casa...um luxo que não é para todos... é o que dá ter uma mãe e uma irmã por perto e sempre preocupadas comigo!!!). Mas pensar em comida deixou-me agoniada. Tenho um batalhão de comprimidos a minha espera...
Não...Não mesmo... Ignorei o raio de sol teimoso que iluminava o quarto e fechei os olhos com mais força... Tentei pensar em coisas bonitas (esse sempre foi meu conselho quando a vida nos trama de alguma forma...) mas todas as coisas bonitas tinham acabado...Restava apenas as lembranças que apertaram meu peito numa saudade tão dorida que as lágrimas brotaram contra minha vontade...
Sol lá fora...chuva cá dentro...
Não queria mais dor. Levantei-me e arranjei-me como num dia normal em que teria de sair para trabalhar (há quanto tempo não trabalho?!!). Coloquei umas gotas do meu perfume preferido e sai quase vitoriosa para a sala. Essa pareceu-me muito mais luminosa e diferente do quarto de portadas sempre meia-fechadas ou meia-abertas, como no eterno dilema de La Palisse!!!
Peguei na minha agenda que ainda estava no mesmo sitio onde a tinha deixado há... tanto tempo... e sentei-me um pouco no sofá, tentando equilibrar-me ora numa nádega ora noutra, para aliviar a dor. Folheia devagar desde do ultimo dia em que tinha riscado as tarefas e compromissos cumpridos... folhei cada pagina lembrando cada reunião, as quais não pude ir mais que também não puderam ser adiadas...afinal, não há data prevista para eu voltar...
No dia 20, uma pequena anotação fez meu coração parar e um dor tremenda apertou meu peito... poucas palavras escritas numa letra miudinha...um recado só meu...«também amo-te muito, muito...».
Quando foram escritas, provocaram em mim, emoções que nenhuma palavra poderá alguma vez descrever...
Mas foram palavras ditas ao acaso de um sentimento estranho que nunca viveu de certezas e que por isso mesmo gravaram-se em meu peito antes de morrer num Outono esquecido...
Fechei a agenda, fechei a alma a dor, fechei os olhos e deixei de lutar contra a medicação que me puxava para a sonolência tão benevolente e acolhedora, onde nada fica a não ser o esquecimento de mim mesma...
Fátima
Lindo, sentido e muito profundo... Adoro particularmente o teu blog, confesso tem um cunho muito pessoal e interessante, demonstrando sem duvida quem está por detras dele... Sem duvida, parabens por seres um ser Humano...na plena acepção da palavra. Quem ama as palavras e tão bem traduz... pelo que representam, sabe sem duvida que nem um milhão chegaria para mostar a amplitude do mundo, das sensações e dos sentimentos, Em suma; o que tão bem nos alimenta a alma!
Bem hajas
De
Pedro J a 26 de Setembro de 2009 às 21:18
Este blog tem muita qualidade, muito bom gosto, excelente, feito com amor e quando assim é, é perfeito.
Obrigado pelo comentário, no meu blog partilhado.
Bom fim de semana.
Beijo
De Anónimo a 26 de Setembro de 2009 às 22:23
Não ignores o sol que entra pela tua janela maninha, pois lembra te que ele se levanta todos os dias, mesmo quando tem de ficar escondidinho por detrás de umas nuvens cinzentas e chatas. Lembra-te sempre que ele está lá! E se ele entra na tua casa, é para te aquecer e aliviar-te, nem que seja por breves instantes essa dor que insiste em não te deixar em paz.
Faz como ele, não desistes de pensar em coisas bonitas (se não te lembrares de nenhuma, pensa em mim. AH! AH! AH!) Pois são essas coisas bonitas que nos dão força para seguir o nosso caminho e enfrentarmos esses dias cinzentos que nos aparece pela vida fora.
Ἑλένη
De
Gaybrioel a 27 de Setembro de 2009 às 10:52
São os pequenos recados, os pequenos momentos como esse mesmo que nos fazem tremer e encontrar o alívio por entre a dor maldita que teima em não nos deixar. Mas tu vais ficar bem... :-) BJ
Amiga
Não posso dizer-te que fiquei contente depois de ler-te(como esperava poder fazê-lo) ao verificar que tinhas voltado a escrever. Como te prometi vou escrever-te por outra via e aí poderei explicar melhor o que quero dizer.
Ás vezes sem mesmo querermos lembranças do passado perseguem-nos, inquietando-nos.
Mas Fátima o que me preocupa é sentir-te...mal!?
O que escreves continua intenso e lindo como sempre te encontrei, mas deixou-me tão triste.
Li até os comentários e encontrei o do teu irmão de quem já me tinhas falado.
Tanto carinho por ti o que ele demonstra.
Sempre te achei uma mulher forte. Luta mais uma vez seja pelo que for que te esteja a acontecer, pois apoio não parece faltar-te.
Um beijinho com todo o carinho que tenho por ti
Mafalda
Comentar post